The beginning


Conhecemo-nos na net, num desses chats que toda a gente utiliza.
Começamos com a conversa de circunstância habitual: nome, idade, área de residência, estado civil, interesses... E a conversa foi-se mantendo nos dias que se seguiram.
Sem eu dar por isso, já ele tinha o meu número de telemóvel. Passamos a comunicar não só através do chat, mas também através do e-mail e por telemóvel. Passávamos horas entre o teclar no chat e as conversas via telemóvel. Desde logo nos apercebemos da afinidade que se gerava.
Ele sempre foi directo e frontal. Eu sempre me escudei atrás de alguma timidez (não fingida, diga-se, a bem da verdade), mas não deixei de reagir e responder às suas muitas provocações.
Depressa surgiu o convite para nos conhecermos pessoalmente. Já havia conhecido pessoalmente um dos meus contactos na net (ficamos bons amigos, apesar de ele insistir até hoje que gostaria que se passasse mais alguma coisa...) e como não vivíamos muito longe um do outro, não ofereci resistência ao convite. Impus apenas uma regra: conhecer-nos em terreno neutro, nem onde eu vivia, nem onde ele vivia. Combinamos então um almoço e lá chegou o dia.
Confesso que estava nervosa. Apesar de ter a sensação que já o conhecia há imenso tempo, a verdade é que só tínhamos travado conhecimento nem há um mês e esta era a primeira vez que nos íamos encontrar pessoalmente. Estava também nervosa por saber o quanto ele não perdia tempo e ia directo ao assunto. Além disso, já tinha percebido que ele era do género de conseguir tudo o que queria e isso assustava-me.
Não andava à procura de homens e aventuras na net. Procurava apenas boas amizades, pessoas interessantes com quem conversar, alargar os meus horizontes... Enfim, sentia-me presa no meu mundo e queria abrir as asas e voar!
No entanto, também tinha perfeita consciência de que estava emocionalmente fragilizada e carente, o que podia abrir caminho a algo mais do que eu - conscientemente - queria (inconscientemente, talvez eu estivesse mesmo à procura de uma grande aventura ou até de uma paixão arrebatadora, não sei).

Marcamos encontro num café e quando eu cheguei, ele já lá estava. Quando o vi, lembro-me de ter pensado no quanto ele era lindo! Diferente dos homens com quem eu lidava no dia a dia. Essa diferença veio a revelar-se ainda mais no seu grau de inteligência. Fiquei fascinada desde o início: era lindo de morrer, cativante, extremamente inteligente e muito divertido.
Almoçamos juntos e de seguida fomos, sob uma leve chuva, novamente para o café. Lembro-me de querer saber tudo a respeito dele, de absorver cada palavra que ele dizia. Lembro-me também de me rir imenso (não só por, como disse, ele ser super divertido, mas também - e se calhar sobretudo! - por nervosismo) e de falar sem parar.
Aquele homem lindo e inteligente teve, além do mais, o dom de me pôr a falar sobre mim, sobre as minhas dúvidas, angustias e anseios.
O tempo passou a voar e depressa (pelo menos assim nos pareceu) chegou a hora de irmos cada um para seu lado. Prometemos voltar a encontrar-nos em breve e eu dei comigo a pensar, no caminho para casa, que Rodrigo não me saia da cabeça... Não, não podia ser! Eu não podia estar já apaixonada!! "Ah, Sarah, tem calma! Estás apenas ainda sob o efeito da sua presença inebriante... Isto passa, vais ver!"
Mas uma certeza eu tinha também. Apesar (ou através) da minha timidez e insegurança, ele também ficara balançado, também tinha ficado pelo menos ligeiramente fascinado...
No que é que me estaria eu a meter?!...