Promete-me beijos, espalhados por mim…
Deixa-me suspensa, na expectativa de quem é…
Não se mostra, esconde-se por detrás de um rosto infantil…
Provoca, insiste, persiste… Cativa-me, chama por mim…
Quero saber mais, quero ver mais…
Beijos, mais beijos… espalhados por mim, diz ele…
E eu vou derretendo na expectativa de um beijo… um só beijo…
“Não te beijo e tenho ensejo
Para um beijo te roubar;
O beijo mata o desejo
E eu quero-te desejar.
Porque te amo de verdade,
'stou louco por dar-te um beijo,
Mas contra a tua vontade
Não te beijo e tenho ensejo.
Sabendo que deves ter
Milhões deles p'ra me dar,
Teria que enlouquecer
Para um beijo te roubar.
E como em teus lábios puros,
Guardas tudo quanto almejo,
Doutros desejos futuros
O beijo mata o desejo.
Roubando um, mil te daria;
O que não posso é jurar
Que não te aborreceria,
E eu quero-te desejar!”
António Aleixo, in "Este Livro que Vos Deixo..."